A Ambliopia, também conhecida como a síndrome do olho preguiçoso, ocorre quando a visão em um dos olhos não se desenvolve de forma adequada. As causas mais comuns são o estrabismo e os erros de refração, como a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo e as anisometropias (diferenças importantes de refração entre os olhos). Pode ainda ser consequente a opacidade de meios, como a catarata e alterações da córnea, impedindo que a imagem chegue à retina.
A ambliopia é muito mais comum do que se imagina, porém, poucas pessoas a conhecem. Não é um problema facilmente percebido pelos pais ou por pediatras e o diagnóstico é feito pelo oftalmologista. Por isso, a consulta com o oftalmopediatra é importante o quanto antes, mesmo que os pais não percebam alterações oculares ou a criança não reclame. Quanto mais cedo se descobre e se trata um olho preguiçoso, melhores são as chances de sucesso. Para tratar a ambliopia, é preciso tratar a sua causa, seja os olhos desalinhados, opacidades de meios ou a má focalização de um dos olhos. Os principais tratamentos disponíveis são: uso de óculos, tampão e colírios. O tratamento deve ser feito muito antes dos 7 anos de idade, para que se consiga recuperar o máximo de visão possível.
Blefarite é uma inflamação não contagiosa das pálpebras. É a alteração ocular mais comum no mundo, geralmente relacionada com a colonização exagerada das pálpebras por bactérias da flora normal da pele. Essa colonização é exacerbada na presença de aumento de oleosidade dessa região devido a disfunções das glândulas de meibômius – que produzem a parte oleosa da lágrima, ou na presença de descamação (“caspas”) na borda da pálpebra.
Geralmente, os pacientes apresentam queixas não específicas, como irritação, lacrimejamento, sensação de areia nos olhos, coceira, pálpebras ou olhos vermelhos, alterações dos cílios, fotofobia e até dor e diminuição da visão. É uma doença crônica que alterna fases de piora com períodos assintomáticos. O tratamento é feito com higiene diária, colírios lubrificantes e pomadas de antibiótico.
Um calázio é uma lesão inflamatória crônica, onde se formam pequenos nódulos nas pálpebras superior e/ou inferior, que são provocados pelo entupimento de uma das glândulas que produzem um dos materiais que compõem a lágrima (glândulas de Meibômius), e que podem chegar a alcançar dimensões de até 6-8 mm, ou seja, do tamanho aproximado de um caroço de feijão. É uma lesão parecida com o terçol (hordéolo). Mesmo após o controle da inflamação, o calázio pode permanecer na pálpebra na forma de um cisto que, mesmo sem apresentar características inflamatórias, altera seu tamanho quando não há a expulsão da secreção que está na glândula.
A catarata congênita é uma má-formação que vem desde o útero. Ela pode ser bilateral (nos dois olhos) ou unilateral (em um olho só). Trata-se de um branqueamento do cristalino, que quanto mais denso, mais evita que a luz penetre na retina. Lembrando: sem luz, não se formam as imagens e sem imagens não há visão. A suspeita desse quadro pode se dar com o teste do reflexo vermelho, popularmente conhecido como “teste do olhinho”, nas primeiras 24 horas de vida — ele deve ser feito, preferencialmente, antes que o bebê deixe a maternidade.
Existe também catarata congênita que aparece alguns meses após o nascimento, por isso, os pais sempre devem estar atentos.
Algumas cataratas congênitas não prejudicam a visão e não precisam ser operadas, apenas acompanhadas.
O tratamento vai depender do grau de opacidade e da localização da lesão no cristalino, além de outras alterações oftalmológicas relacionadas à idade da criança. O mais comum é que seja feito um procedimento cirúrgico de extração da catarata e colocação de lentes intraoculares. Os resultados são satisfatórios em longo prazo e podem ser melhores quando realizados nas primeiras doze semanas de vida.
Conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva (a membrana externa que recobre a parte branca do olho), geralmente devido à infecção. Há três variedades comuns de conjuntivite: viral, alérgica e bacteriana. As conjuntivites virais e bacterianas são contagiosas.
A conjuntivite viral é a inflamação da conjuntiva e seu principal agente causador é o adenovírus. A doença é altamente contagiosa, mais frequente no verão e tem como principais sintomas dor, lacrimejamento e olho vermelho.
Normalmente, os primeiros sinais da conjuntivite aparecem em até 48h depois da instalação do agente causador no organismo da pessoa. Ela é uma doença autolimitada, ou seja, na grande maioria dos casos, melhora mesmo sem tratamento. No entanto, costuma-se prescrever colírios lubrificantes, compressas frias e, em alguns casos, colírio de corticoide para aliviar os sintomas.
Conjuntivite bacteriana é geralmente causada por bactéria piogênica, como Staphylococcus ou Streptococcus, da própria pele ou flora respiratória do paciente. Outros casos são devido à infecção pelo ambiente ou por outras pessoas, geralmente pelo toque, mas, ocasionalmente, também via maquiagem para olhos ou loção facial.
A conjuntivite bacteriana é rara. Os sintomas são dor, olho vermelho e muita secreção parecendo pus. Ela deve ser tratada com colírios de antibiótico e ser acompanhada com frequência pelo oftalmologista.
Já a conjuntivite alérgica acomete indivíduos propensos à alergia, como, por exemplo, pessoas com rinite ou bronquite, e comumente ataca ambos os olhos. Essa conjuntivite não é contagiosa, embora, muitas vezes, inicie-se em um olho para, por conseguinte, apresentar-se no outro. Os principais sintomas são: bastante coceira, olho vermelho, inchaço nos olhos e nas pálpebras e lacrimejamento. O tratamento é feito com colírios antialérgicos, compressas frias, colírios de corticoide, pomadas imunomoduladoras e, às vezes, tratamento sistêmico juntamente com o alergologista.
Erros refrativos estão entre as doenças mais comuns que afetam a grande maioria das pessoas. Mas antes de tudo, é preciso entender que ‘refração’ é um fenômeno que acontece quando um feixe de luz, vindo do meio externo, atravessa o globo ocular formando a visão na retina. Dessa forma, quando os feixes sofrem qualquer tipo de desvio provocado pela irregularidade no formato do olho, não conseguem chegar à retina.
Mas quais são os erros refrativos? Vamos explicar sobre a miopia, hipermetropia e astigmatismo.
Miopia (dificuldade para longe)
Acontece quando a córnea é muito curva ou o globo ocular muito comprido, o que faz com que os raios de luz focalizem antes da retina. Dessa forma, as pessoas com miopia enxergam melhor de perto, porém, sentem dificuldade de identificar as imagens à distância.
Hipermetropia (dificuldade para perto)
Acontece quando a córnea é mais curva ou o globo ocular é menor e faz com que os raios de luz se focalizem depois da retina. Sendo assim, as pessoas com hipermetropia têm dificuldade de ver as coisas de perto. A hipermetropia pode também causar dificuldade na visão de longe.
Astigmatismo (visão distorcida)
Nesse tipo de erro refrativo, o que acontece é que o formato da córnea ou do cristalino é irregular. Assim, os raios de luz acabam incidindo em diferentes ângulos, o que gera uma imagem borrada tanto de longe, quanto de perto.
Tratamento
Os tratamentos podem variar de acordo com o problema. As soluções podem ser desde o uso de óculos ou lentes de contato, que extinguem os sintomas somente enquanto são utilizados, ou então por meio do procedimento cirúrgico, quando o paciente atinge a idade adequada, o grau tiver estabilizado e o olho preencher os critérios para poder realizar a cirurgia.
Estrabismo ocorre quando há a perda do paralelismo entre os olhos. Existem três formas de estrabismo:
Convergente: quando o desvio de um dos olhos é para dentro.
Divergente: quando o desvio dos olhos é para fora.
Verticais: quando um olho fica mais alto ou mais baixo do que o outro.
Sabe-se que os desvios oculares podem ter causa genética. No entanto, o estrabismo pode surgir em indivíduos que não apresentam histórico familiar do desvio. Os sintomas do estrabismo são diferentes conforme a idade que surgem e o modo como se manifestam. Há diferentes formas de conduzir um tratamento nesse caso. Alguns casos são corrigidos com o uso de óculos, outros com uso de óculos e cirurgia de correção de estrabismo e há aqueles que são corrigidos apenas com a cirurgia de correção de estrabismo. Em alguns casos é indicada a injeção de toxina botulínica.
Em cada dez mil bebês, um é portador de glaucoma congênito. Trata-se de uma doença rara, hereditária, caracterizada pelo aumento da pressão intraocular em crianças portadoras de má-formação nos olhos. Pode atingir apenas um ou os dois olhos e costuma estar associado a transtornos sistêmicos e síndromes, como a Síndrome de Sturge-Weber. Quando o diagnóstico não é realizado a tempo, a doença leva à cegueira irreversível. A prevenção e o tratamento nos primeiros dias de vida são o melhor remédio para evitar que a criança carregue, para sempre, as dificuldades de uma séria deficiência de visão.
Os principais sinais são: olho grande e meio azulado, fotofobia intensa e lacrimejamento.
O glaucoma congênito pode ser diagnosticado através de um exame oftalmológico completo que inclui medir a pressão do olho e examinar todas as partes do olho, como córnea (biomicroscopia) e nervo óptico (exame de fundo de olho).
O tratamento é cirúrgico e deve ser feito o quanto antes.
O hemangioma capilar é o tumor benigno palpebral mais comum na infância, sendo mais frequente em meninas. É resultado de uma má-formação das células dos vasos capilares. Aparece nas primeiras semanas de vida até os 6 meses como uma mancha elevada avermelhada (morango) ou arroxeada que pode aumentar de volume durante o choro. Apresenta um crescimento em três fases: uma fase inicial de proliferação, seguida por uma fase de estabilização e, finalmente, uma fase de involução do tumor, em 70% dos casos até os 7 anos.
A maioria dos hemangiomas capilares não requer tratamento, pois acaba regredindo espontaneamente. No entanto, se houver um defeito estético importante e/ou complicação oftalmológica, torna-se imperativo tratar.
Os principais objetivos do tratamento do hemangioma capilar são a prevenção das complicações oftalmológicas, bem como a resolução de deformidades estéticas importantes. Na escolha do tratamento, é importante levar em conta a idade da criança, a dimensão da lesão, o seu grau de extensão e a presença de complicações (ambliopia e compressão de estruturas orbitárias). O tratamento pode ser com medicação tópica ou oral, laser e/ou cirurgia.
O teste do reflexo vermelho, também conhecido como “teste do olhinho”, é essencial para o diagnóstico precoce de doenças oculares na infância. O tratamento dessas doenças, quando identificadas precocemente, apresenta resultados expressivos se comparados com o tratamento após o diagnóstico tardio. Além disso, o desenvolvimento da visão depende do estímulo visual e, qualquer obstáculo à formação de imagens nítidas em cada olho, pode levar a um inadequado desenvolvimento visual, que se tornará irreversível se não tratado em tempo hábil. Uma boa acuidade visual é muito importante no desenvolvimento físico e cognitivo da criança.
O exame consiste em observar e comparar o reflexo vermelho proveniente da retina, ou fundo do olho, mediante um aparelho, o oftalmoscópio direto, que emite um feixe luminoso e transmite a luz refletida pelo fundo do olho. Qualquer alteração que impeça ou bloqueie esta via óptica resultará na falta ou anormalidade do reflexo vermelho.
É útil no diagnóstico de doenças como a catarata congênita, glaucoma congênito, tumores oculares e erros refrativos. Normalmente, o exame é realizado pelo pediatra na maternidade ou no consultório, logo depois que o bebê recebe alta hospitalar.
O teste do olhinho não substitui o exame oftalmológico, que deve ser realizado precocemente pelo oftalmologista.
A lágrima é produzida para lubrificar, lavar e fornecer substâncias importantes para a defesa dos olhos. Para que ela não escorra pelo rosto, passa por dois canais que a conduzem para dentro do nariz. Esses canais podem estar obstruídos por causa da imaturidade das vias lacrimais ou por malformações. Isso é percebido nos primeiros meses de vida da criança. Essa obstrução congênita das vias lacrimais ocorre em recém-nascidos e causa lacrimejamento constante e secreção ocular. A maioria dos casos se resolve com tratamento clínico e massagem na região do saco lacrimal. Quando não há resposta ao tratamento clínico, é indicada a Sondagem das Vias Lacrimais.
A Sondagem da Via Lacrimal consiste na dilatação do ponto lacrimal (orifício do canal lacrimal) inferior e/ou superior para a introdução de uma sonda metálica que vai seguir até a fossa nasal, desobstruindo o canal lacrimal. Em alguns casos, durante a sondagem, pode-se introduzir um tubinho na via lacrimal (intubação) e deixa-lo aí por algum tempo, para que a via permaneça aberta. Caso o problema não se resolva por meio da sondagem e intubação, é indicada a cirurgia de dacriocistorrinostomia. Entretanto, cerca de 90% dos casos em crianças são resolvidos com tratamento clínico ou sondagem das vias lacrimais.
A ptose congênita é geralmente uma patologia na qual o músculo levantador da pálpebra superior da criança é fraco. A pálpebra fica baixa e também incapaz de subir normalmente. Pode ser unilateral ou bilateral. A correção é sempre cirúrgica. O ideal é operar após os 5 anos de idade, pois consegue-se obter um resultado melhor, porém, se a pálpebra estiver cobrindo o eixo visual, opera-se antes disso para evitar a temida ambliopia.
É o tumor ocular maligno intraocular mais frequente na infância, que pode levar a óbito. Acomete crianças na faixa etária pré-escolar (até quatro anos). Origina-se das células da retina, podendo ser unilateral, bilateral ou, ainda, acometer a glândula pineal (localizada no cérebro); é hereditário ou esporádico.
No teste do olhinho, o reflexo vermelho encontra-se ausente ou atenuado no olho acometido. Pode ser observado também em fotografias com flash, quando o reflexo vermelho, normalmente observado bilateralmente, não aparece em um dos olhos. O tratamento é realizado com laser, braquiterapia, quimioterapia sistêmica ou remoção cirúrgica do olho e seus anexos, dependendo do estágio de evolução da doença.
Essa é uma doença grave que atinge principalmente os bebês prematuros ou com baixo peso ao nascimento e pode causar cegueira. Os bebês nascidos antes de 32 semanas e com peso abaixo de 1500 gramas são os mais propensos. A retinopatia da prematuridade é o crescimento desorganizado dos vasos sanguíneos que suprem a retina (camada mais interna do globo dos olhos) do bebê. Esses vasos podem sangrar e, em casos mais sérios, a retina pode descolar e ocasionar a perda da visão da criança. Os bebês com essas características devem ser avaliados na UTI neonatal pelo oftalmologista especialista em retina. Os pais precisam ficar atentos porque o não encaminhamento precoce para o oftalmologista pediátrico pode fazer com que o problema seja irreversível, já que esse problema é uma das maiores causas de cegueira no Brasil e no mundo.
Crédito das fotos: pinterest.com
Pseudoestrabismo, ou falso estrabismo, é a falsa aparência de desalinhamento dos olhos, quando, na verdade, eles estão alinhados. É comum em bebês e crianças pequenas, devido à conformação da face. Nessas crianças, existe uma prega vertical de pele nos cantos internos dos olhos (epicanto), e a ponte nasal (o ápice do nariz) é mais larga, dando a impressão de que os olhos estão mais para “dentro”, principalmente quando a criança olha para os lados. Com o crescimento da criança, esse aspecto diminui ou desaparece. Para o diagnóstico diferencial com o estrabismo verdadeiro é importante uma avaliação do oftalmopediatra.
Crédito das fotos: leczeniezeza.pl
O nistagmo é o tremor ou movimento involuntário dos olhos que pode ser congênito ou adquirido. Normalmente, o nistagmo congênito surge entre 6 semanas e 3 meses de idade. Se ele se iniciar após os 6 meses de vida, já é considerado adquirido e pode exigir estudos de imagem, como a ressonância magnética.O nistagmo congênito motor tende a ser horizontal e bilateral, podendo ser de causa desconhecida ou, às vezes, herdado. O nistagmo congênito sensorial também ocorre em uma idade precoce e é decorrente da diminuição da visão causada por uma variedade de condições oculares, como catarata, estrabismo e hipoplasia do olho nervo óptico (nervo óptico pouci desenvolvido). O nistagmo adquirido ocorre mais tarde e tem várias etiologias. Ele pode estar associado a condições médicas graves, portanto exige investigação neurológica.O tratamento do nistagmo depende muito das suas características clínicas, e muitas vezes não há opções para o seu controle. É muito importante proporcionar a melhor visão, através da correção dos erros de refração com óculos ou lentes de contato. Diferentes níveis de sucesso foram encontrados com o uso de alguns medicamentos para diminuir a gravidade do nistagmo. Infelizmente, o uso desses medicamentos geralmente é limitado devido aos seus efeitos colaterais. A toxina botulínica ajuda alguns indivíduos em casos específicos. A cirurgia dos músculos oculares, ou de estrabismo, é indicada para os pacientes que apresentam melhora do nistagmo quando giram ou inclinam a cabeça.
A Ambliopia, também conhecida como a síndrome do olho preguiçoso, ocorre quando a visão em um dos olhos não se desenvolve de forma adequada. As causas mais comuns são o estrabismo e os erros de refração, como a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo e as anisometropias (diferenças importantes de refração entre os olhos). Pode ainda ser consequente a opacidade de meios, como a catarata e alterações da córnea, impedindo que a imagem chegue à retina.
A ambliopia é muito mais comum do que se imagina, porém, poucas pessoas a conhecem. Não é um problema facilmente percebido pelos pais ou por pediatras e o diagnóstico é feito pelo oftalmologista. Por isso, a consulta com o oftalmopediatra é importante o quanto antes, mesmo que os pais não percebam alterações oculares ou a criança não reclame. Quanto mais cedo se descobre e se trata um olho preguiçoso, melhores são as chances de sucesso. Para tratar a ambliopia, é preciso tratar a sua causa, seja os olhos desalinhados, opacidades de meios ou a má focalização de um dos olhos. Os principais tratamentos disponíveis são: uso de óculos, tampão e colírios. O tratamento deve ser feito muito antes dos 7 anos de idade, para que se consiga recuperar o máximo de visão possível.
Blefarite é uma inflamação não contagiosa das pálpebras. É a alteração ocular mais comum no mundo, geralmente relacionada com a colonização exagerada das pálpebras por bactérias da flora normal da pele. Essa colonização é exacerbada na presença de aumento de oleosidade dessa região devido a disfunções das glândulas de meibômius – que produzem a parte oleosa da lágrima, ou na presença de descamação (“caspas”) na borda da pálpebra.
Geralmente, os pacientes apresentam queixas não específicas, como irritação, lacrimejamento, sensação de areia nos olhos, coceira, pálpebras ou olhos vermelhos, alterações dos cílios, fotofobia e até dor e diminuição da visão. É uma doença crônica que alterna fases de piora com períodos assintomáticos. O tratamento é feito com higiene diária, colírios lubrificantes e pomadas de antibiótico.
Um calázio é uma lesão inflamatória crônica, onde se formam pequenos nódulos nas pálpebras superior e/ou inferior, que são provocados pelo entupimento de uma das glândulas que produzem um dos materiais que compõem a lágrima (glândulas de Meibômius), e que podem chegar a alcançar dimensões de até 6-8 mm, ou seja, do tamanho aproximado de um caroço de feijão. É uma lesão parecida com o terçol (hordéolo). Mesmo após o controle da inflamação, o calázio pode permanecer na pálpebra na forma de um cisto que, mesmo sem apresentar características inflamatórias, altera seu tamanho quando não há a expulsão da secreção que está na glândula.
A catarata congênita é uma má-formação que vem desde o útero. Ela pode ser bilateral (nos dois olhos) ou unilateral (em um olho só). Trata-se de um branqueamento do cristalino, que quanto mais denso, mais evita que a luz penetre na retina. Lembrando: sem luz, não se formam as imagens e sem imagens não há visão. A suspeita desse quadro pode se dar com o teste do reflexo vermelho, popularmente conhecido como “teste do olhinho”, nas primeiras 24 horas de vida — ele deve ser feito, preferencialmente, antes que o bebê deixe a maternidade.
Existe também catarata congênita que aparece alguns meses após o nascimento, por isso, os pais sempre devem estar atentos.
Algumas cataratas congênitas não prejudicam a visão e não precisam ser operadas, apenas acompanhadas.
O tratamento vai depender do grau de opacidade e da localização da lesão no cristalino, além de outras alterações oftalmológicas relacionadas à idade da criança. O mais comum é que seja feito um procedimento cirúrgico de extração da catarata e colocação de lentes intraoculares. Os resultados são satisfatórios em longo prazo e podem ser melhores quando realizados nas primeiras doze semanas de vida.
Conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva (a membrana externa que recobre a parte branca do olho), geralmente devido à infecção. Há três variedades comuns de conjuntivite: viral, alérgica e bacteriana. As conjuntivites virais e bacterianas são contagiosas.
A conjuntivite viral é a inflamação da conjuntiva e seu principal agente causador é o adenovírus. A doença é altamente contagiosa, mais frequente no verão e tem como principais sintomas dor, lacrimejamento e olho vermelho.
Normalmente, os primeiros sinais da conjuntivite aparecem em até 48h depois da instalação do agente causador no organismo da pessoa. Ela é uma doença autolimitada, ou seja, na grande maioria dos casos, melhora mesmo sem tratamento. No entanto, costuma-se prescrever colírios lubrificantes, compressas frias e, em alguns casos, colírio de corticoide para aliviar os sintomas.
Conjuntivite bacteriana é geralmente causada por bactéria piogênica, como Staphylococcus ou Streptococcus, da própria pele ou flora respiratória do paciente. Outros casos são devido à infecção pelo ambiente ou por outras pessoas, geralmente pelo toque, mas, ocasionalmente, também via maquiagem para olhos ou loção facial.
A conjuntivite bacteriana é rara. Os sintomas são dor, olho vermelho e muita secreção parecendo pus. Ela deve ser tratada com colírios de antibiótico e ser acompanhada com frequência pelo oftalmologista.
Já a conjuntivite alérgica acomete indivíduos propensos à alergia, como, por exemplo, pessoas com rinite ou bronquite, e comumente ataca ambos os olhos. Essa conjuntivite não é contagiosa, embora, muitas vezes, inicie-se em um olho para, por conseguinte, apresentar-se no outro. Os principais sintomas são: bastante coceira, olho vermelho, inchaço nos olhos e nas pálpebras e lacrimejamento. O tratamento é feito com colírios antialérgicos, compressas frias, colírios de corticoide, pomadas imunomoduladoras e, às vezes, tratamento sistêmico juntamente com o alergologista.
Erros refrativos estão entre as doenças mais comuns que afetam a grande maioria das pessoas. Mas antes de tudo, é preciso entender que ‘refração’ é um fenômeno que acontece quando um feixe de luz, vindo do meio externo, atravessa o globo ocular formando a visão na retina. Dessa forma, quando os feixes sofrem qualquer tipo de desvio provocado pela irregularidade no formato do olho, não conseguem chegar à retina.
Mas quais são os erros refrativos? Vamos explicar sobre a miopia, hipermetropia e astigmatismo.
Miopia (dificuldade para longe)
Acontece quando a córnea é muito curva ou o globo ocular muito comprido, o que faz com que os raios de luz focalizem antes da retina. Dessa forma, as pessoas com miopia enxergam melhor de perto, porém, sentem dificuldade de identificar as imagens à distância.
Hipermetropia (dificuldade para perto)
Acontece quando a córnea é mais curva ou o globo ocular é menor e faz com que os raios de luz se focalizem depois da retina. Sendo assim, as pessoas com hipermetropia têm dificuldade de ver as coisas de perto. A hipermetropia pode também causar dificuldade na visão de longe.
Astigmatismo (visão distorcida)
Nesse tipo de erro refrativo, o que acontece é que o formato da córnea ou do cristalino é irregular. Assim, os raios de luz acabam incidindo em diferentes ângulos, o que gera uma imagem borrada tanto de longe, quanto de perto.
Tratamento
Os tratamentos podem variar de acordo com o problema. As soluções podem ser desde o uso de óculos ou lentes de contato, que extinguem os sintomas somente enquanto são utilizados, ou então por meio do procedimento cirúrgico, quando o paciente atinge a idade adequada, o grau tiver estabilizado e o olho preencher os critérios para poder realizar a cirurgia.
Estrabismo ocorre quando há a perda do paralelismo entre os olhos. Existem três formas de estrabismo:
Convergente: quando o desvio de um dos olhos é para dentro.
Divergente: quando o desvio dos olhos é para fora.
Verticais: quando um olho fica mais alto ou mais baixo do que o outro.
Sabe-se que os desvios oculares podem ter causa genética. No entanto, o estrabismo pode surgir em indivíduos que não apresentam histórico familiar do desvio. Os sintomas do estrabismo são diferentes conforme a idade que surgem e o modo como se manifestam. Há diferentes formas de conduzir um tratamento nesse caso. Alguns casos são corrigidos com o uso de óculos, outros com uso de óculos e cirurgia de correção de estrabismo e há aqueles que são corrigidos apenas com a cirurgia de correção de estrabismo. Em alguns casos é indicada a injeção de toxina botulínica.
Em cada dez mil bebês, um é portador de glaucoma congênito. Trata-se de uma doença rara, hereditária, caracterizada pelo aumento da pressão intraocular em crianças portadoras de má-formação nos olhos. Pode atingir apenas um ou os dois olhos e costuma estar associado a transtornos sistêmicos e síndromes, como a Síndrome de Sturge-Weber. Quando o diagnóstico não é realizado a tempo, a doença leva à cegueira irreversível. A prevenção e o tratamento nos primeiros dias de vida são o melhor remédio para evitar que a criança carregue, para sempre, as dificuldades de uma séria deficiência de visão.
Os principais sinais são: olho grande e meio azulado, fotofobia intensa e lacrimejamento.
O glaucoma congênito pode ser diagnosticado através de um exame oftalmológico completo que inclui medir a pressão do olho e examinar todas as partes do olho, como córnea (biomicroscopia) e nervo óptico (exame de fundo de olho).
O tratamento é cirúrgico e deve ser feito o quanto antes.
O hemangioma capilar é o tumor benigno palpebral mais comum na infância, sendo mais frequente em meninas. É resultado de uma má-formação das células dos vasos capilares. Aparece nas primeiras semanas de vida até os 6 meses como uma mancha elevada avermelhada (morango) ou arroxeada que pode aumentar de volume durante o choro. Apresenta um crescimento em três fases: uma fase inicial de proliferação, seguida por uma fase de estabilização e, finalmente, uma fase de involução do tumor, em 70% dos casos até os 7 anos.
A maioria dos hemangiomas capilares não requer tratamento, pois acaba regredindo espontaneamente. No entanto, se houver um defeito estético importante e/ou complicação oftalmológica, torna-se imperativo tratar.
Os principais objetivos do tratamento do hemangioma capilar são a prevenção das complicações oftalmológicas, bem como a resolução de deformidades estéticas importantes. Na escolha do tratamento, é importante levar em conta a idade da criança, a dimensão da lesão, o seu grau de extensão e a presença de complicações (ambliopia e compressão de estruturas orbitárias). O tratamento pode ser com medicação tópica ou oral, laser e/ou cirurgia.
O teste do reflexo vermelho, também conhecido como “teste do olhinho”, é essencial para o diagnóstico precoce de doenças oculares na infância. O tratamento dessas doenças, quando identificadas precocemente, apresenta resultados expressivos se comparados com o tratamento após o diagnóstico tardio. Além disso, o desenvolvimento da visão depende do estímulo visual e, qualquer obstáculo à formação de imagens nítidas em cada olho, pode levar a um inadequado desenvolvimento visual, que se tornará irreversível se não tratado em tempo hábil. Uma boa acuidade visual é muito importante no desenvolvimento físico e cognitivo da criança.
O exame consiste em observar e comparar o reflexo vermelho proveniente da retina, ou fundo do olho, mediante um aparelho, o oftalmoscópio direto, que emite um feixe luminoso e transmite a luz refletida pelo fundo do olho. Qualquer alteração que impeça ou bloqueie esta via óptica resultará na falta ou anormalidade do reflexo vermelho.
É útil no diagnóstico de doenças como a catarata congênita, glaucoma congênito, tumores oculares e erros refrativos. Normalmente, o exame é realizado pelo pediatra na maternidade ou no consultório, logo depois que o bebê recebe alta hospitalar.
O teste do olhinho não substitui o exame oftalmológico, que deve ser realizado precocemente pelo oftalmologista.
A lágrima é produzida para lubrificar, lavar e fornecer substâncias importantes para a defesa dos olhos. Para que ela não escorra pelo rosto, passa por dois canais que a conduzem para dentro do nariz. Esses canais podem estar obstruídos por causa da imaturidade das vias lacrimais ou por malformações. Isso é percebido nos primeiros meses de vida da criança. Essa obstrução congênita das vias lacrimais ocorre em recém-nascidos e causa lacrimejamento constante e secreção ocular. A maioria dos casos se resolve com tratamento clínico e massagem na região do saco lacrimal. Quando não há resposta ao tratamento clínico, é indicada a Sondagem das Vias Lacrimais.
A Sondagem da Via Lacrimal consiste na dilatação do ponto lacrimal (orifício do canal lacrimal) inferior e/ou superior para a introdução de uma sonda metálica que vai seguir até a fossa nasal, desobstruindo o canal lacrimal. Em alguns casos, durante a sondagem, pode-se introduzir um tubinho na via lacrimal (intubação) e deixa-lo aí por algum tempo, para que a via permaneça aberta. Caso o problema não se resolva por meio da sondagem e intubação, é indicada a cirurgia de dacriocistorrinostomia. Entretanto, cerca de 90% dos casos em crianças são resolvidos com tratamento clínico ou sondagem das vias lacrimais.
A ptose congênita é geralmente uma patologia na qual o músculo levantador da pálpebra superior da criança é fraco. A pálpebra fica baixa e também incapaz de subir normalmente. Pode ser unilateral ou bilateral. A correção é sempre cirúrgica. O ideal é operar após os 5 anos de idade, pois consegue-se obter um resultado melhor, porém, se a pálpebra estiver cobrindo o eixo visual, opera-se antes disso para evitar a temida ambliopia.
É o tumor ocular maligno intraocular mais frequente na infância, que pode levar a óbito. Acomete crianças na faixa etária pré-escolar (até quatro anos). Origina-se das células da retina, podendo ser unilateral, bilateral ou, ainda, acometer a glândula pineal (localizada no cérebro); é hereditário ou esporádico.
No teste do olhinho, o reflexo vermelho encontra-se ausente ou atenuado no olho acometido. Pode ser observado também em fotografias com flash, quando o reflexo vermelho, normalmente observado bilateralmente, não aparece em um dos olhos. O tratamento é realizado com laser, braquiterapia, quimioterapia sistêmica ou remoção cirúrgica do olho e seus anexos, dependendo do estágio de evolução da doença.
Essa é uma doença grave que atinge principalmente os bebês prematuros ou com baixo peso ao nascimento e pode causar cegueira. Os bebês nascidos antes de 32 semanas e com peso abaixo de 1500 gramas são os mais propensos. A retinopatia da prematuridade é o crescimento desorganizado dos vasos sanguíneos que suprem a retina (camada mais interna do globo dos olhos) do bebê. Esses vasos podem sangrar e, em casos mais sérios, a retina pode descolar e ocasionar a perda da visão da criança. Os bebês com essas características devem ser avaliados na UTI neonatal pelo oftalmologista especialista em retina. Os pais precisam ficar atentos porque o não encaminhamento precoce para o oftalmologista pediátrico pode fazer com que o problema seja irreversível, já que esse problema é uma das maiores causas de cegueira no Brasil e no mundo.
Crédito das fotos: pinterest.com
Pseudoestrabismo, ou falso estrabismo, é a falsa aparência de desalinhamento dos olhos, quando, na verdade, eles estão alinhados. É comum em bebês e crianças pequenas, devido à conformação da face. Nessas crianças, existe uma prega vertical de pele nos cantos internos dos olhos (epicanto), e a ponte nasal (o ápice do nariz) é mais larga, dando a impressão de que os olhos estão mais para “dentro”, principalmente quando a criança olha para os lados. Com o crescimento da criança, esse aspecto diminui ou desaparece. Para o diagnóstico diferencial com o estrabismo verdadeiro é importante uma avaliação do oftalmopediatra.
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O nistagmo é o tremor ou movimento involuntário dos olhos que pode ser congênito ou adquirido. Normalmente, o nistagmo congênito surge entre 6 semanas e 3 meses de idade. Se ele se iniciar após os 6 meses de vida, já é considerado adquirido e pode exigir estudos de imagem, como a ressonância magnética.O nistagmo congênito motor tende a ser horizontal e bilateral, podendo ser de causa desconhecida ou, às vezes, herdado. O nistagmo congênito sensorial também ocorre em uma idade precoce e é decorrente da diminuição da visão causada por uma variedade de condições oculares, como catarata, estrabismo e hipoplasia do olho nervo óptico (nervo óptico pouci desenvolvido). O nistagmo adquirido ocorre mais tarde e tem várias etiologias. Ele pode estar associado a condições médicas graves, portanto exige investigação neurológica.O tratamento do nistagmo depende muito das suas características clínicas, e muitas vezes não há opções para o seu controle. É muito importante proporcionar a melhor visão, através da correção dos erros de refração com óculos ou lentes de contato. Diferentes níveis de sucesso foram encontrados com o uso de alguns medicamentos para diminuir a gravidade do nistagmo. Infelizmente, o uso desses medicamentos geralmente é limitado devido aos seus efeitos colaterais. A toxina botulínica ajuda alguns indivíduos em casos específicos. A cirurgia dos músculos oculares, ou de estrabismo, é indicada para os pacientes que apresentam melhora do nistagmo quando giram ou inclinam a cabeça.