28 de outubro de 2017

Lacrimejamento no recém-nascido: diagnósticos diferenciais

Já que estamos falando de lacrimejamento em recém-nascidos, é muito importante fixarmos que, apesar da obstrução congênita das vias lacrimais ser, de longe, a causa mais comum de lacrimejamento em bebês, existem outras doenças que também provocam lacrimejamento.

Essas podem ser mais graves, e também bem mais raras (Graças a Deus!). Portanto, fique de olho!

Conheça as 6 principais causas de lacrimejamento em Recém-nascidos:

1. Obstrução congênita das vias lacrimais

  • Responsável pelo lacrimejamento em 5% dos bebês normais nascidos após os 8 meses de gestação.
  • Causado pela obstrução do ducto nasolacrimal (que leva a lágrima do olho para o nariz) por uma membrana.
  • Normalmente sem outros sintomas, mas pode ter secreção ou ficar remelando.
  • Melhora com a massagem hidrostática em 99% dos casos até os 18 meses
  • Se não melhorar, é necessária a realização da sondagem da via lacrimal para desobstrução. Realizada em centro cirúrgico, com anestesia local

2. Reação ao colírio Nitrato de prata

  • Muito comum.
  • Causa de lacrimejamento nos primeiros dias de vida.
  • Costuma melhorar após o 8º dia de vida.
  • Não necessita tratamento.

3. Glaucoma congênito

  • Doença relativamente rara. Apenas 1 para cada 10.000 bebês.
  • Muito grave: pode levar à cegueira.
  • Acompanha outros sintomas como: fotofobia e córnea aumentada e azulada (olho grande e estranhamente azulado).
  • Pressão ocular aumentada e alteração do nervo óptico (avaliados pelo oftalmologista pediátrico).
  • O tratamento é cirúrgico.

4. Conjuntivite bacteriana neonatal

  • As principais causas são Clamídia e Gonorréia.
  • Mais comum em parto normal, mas também podem aparecer no parto cesárea.
  • Secreção amarelo-esverdeada muito abundante.
  • Pálpebras muito inchadas.
  • Olhos muito vermelhos.
  • Tratamento com antibióticos. Pode ser necessária a internação hospitalar.

5. Epiblefaro

  • Alteração anatômica da pálpebra, que apresenta uma dobra a mais.
  • Os cílios ficam invertidos para dentro e podem ficar raspando no olho.
  • Mais comum em ascendência asiática.
  • Normalmente não necessita de tratamento.
  • Cirurgia apenas em casos persistentes.

6. Alterações de córnea

  • Algumas anormalidades na superfície da córnea podem prejudicar sua hidratação e lubrificação.
  • Os olhos produzem mais lágrimas para tentar compensar isso.
  • O resultado é o lacrimejamento excessivo.
  • A causa deve ser identificada e tratada pelo oftalmologista pediátrico.

Este é um pequeno roteiro de orientação para os pais. No entanto, em qualquer um destes casos ou sintomas semelhantes, os pais devem procurar imediatamente o oftalmologista pediátrico.

escrito por

Dra. Ana Carolina Cassiano

A paixão da Dra. Ana Carolina Cassiano por crianças sempre existiu. Mas foi depois de se tornar mãe que essa vocação ficou ainda maior. Sabia que seguiria a carreira de médica desde os 14 anos. Cursou medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, formando-se em 2004. Optou por se especializar em oftalmologia por afinidade. Sentia que era isso que queria fazer para o resto da vida.

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