26 de junho de 2018
Você levou seu filho a primeira vez ao oftalmologista e descobriu que ele vai precisar usar óculos muito fortes? Saiba aqui o que são as altas ametropias e como elas são tratadas.
Denominamos altas ametropias os graus altos de óculos. O olho funciona como uma câmera fotográfica: Tem uma abertura na frente (a pupila), um mecanismo de focagem (a córnea e a lente cristalina) e uma porção sensível à luz no fundo (a retina). Se os raios de luz não estão focados na retina, um erro de refração, ou ametropia está presente.
Quais são as ametropias?
Miopia – dificuldade para ver de longe
A miopia ocorre quando os raios de luz se focam na frente da retina porque o olho é muito longo ou tem a córnea muito curva. Os objetos à distância aparecem embaçados e, à medida que se aproximam dos olhos, são vistos com mais clareza.
Esta condição pode ser hereditária ou associada com parto prematuro, principalmente nos casos de alta miopia. Há também algumas doenças sistêmicas associadas à alta miopia, como a Síndrome de Marfan, por exemplo. Os óculos são necessários, pois focam os raios de luz na retina e melhoram a visão. Os pacientes alto míopes devem fazer acompanhamento oftalmológico regular, pois eles têm maiores chances de apresentar problemas na retina, como descolamento de retina e membranas retinianas.
Hipermetropia – dificuldade para ver de perto e longe
A hipermetropia ocorre quando os raios da luz se concentram atrás da retina (porque o olho é muito curto ou a córnea é muito plana). Faz com que os objetos próximos e distantes apareçam embaçados. A visão é pior para perto. A hipermetropia é normal na infância e a correção geralmente não é necessária. As crianças podem compensar isso por conta própria usando seu mecanismo de focagem natural (acomodação). A hipermetropia geralmente aumenta na primeira infância e depois diminui durante a pré-adolescêscia até o início da adolescência, devido ao crescimento dos olhos.
Quando o grau de hipermetropia é muito alto, deve ser corrigido com óculos. Em alguns casos, a alta hipermetropia pode levar a criança fazer um esforço muito grande para focar, causando assim um estrabismo convergente (quando os olhos entortam para dentro).
A alta hipermetropia não corrigida pode levar à baixa visão permanente de um ou ambos os olhos – a chamada AMBLIOPIA refracional.
Astigmatismo – embaçado para perto e longe
O astigmatismo ocorre quando a córnea é mais curva em uma direção do que na outra – córnea irregular. A forma do olho é discretamente mais parecida com uma bola de futebol americano do que com uma bola de futebol normal. O astigmatismo é bastante comum na infância e adolescência e tanto a visão de longe como a de perto é afetada. Estudos mostram que coçar os olhos pode aumentar o astigmatismo.
Nos casos de alto astigmatismo, a visão fica bastante desfocada, como se os objetos tivessem uma sombra adjacente. Quando a córnea é bastante deformada e o astigmatismo é bem alto, geralmente associado à alta miopia, temos o ceratocone, uma doença hereditária. Os óculos são prescritos para o astigmatismo significativo, que, se não corrigido, pode levar à baixa visão em adultos. Em graus mais altos de astigmatismo ou ceratocone, as lentes de contato são uma excelente escolha, pois melhoram a nitidez da visão.
Como saber se seu filho tem algum tipo de grau?
Nos casos de alta miopia, as crianças costumam se aproximar muito e “apertam” os olhos quando olham objetos distantes. Nas altas hipermetropias, elas podem se queixar de dor de cabeça e embaçamento quando focam para perto; elas podem ainda apresentar estrabismo convergente quando o grau é muito alto. Nos casos de astigmatismo também pode ocorrer cefaleia e borramento da visão tanto para longe como para perto…
Os bebês NUNCA se queixam de problemas visuais, pois, além da dificuldade de verbalizar, eles entendem como sendo normal o embaçamento da visão. Por isso as principais sociedades internacionais de oftalmologia e oftalmopediatria recomendam o primeiro exame oftalmológico dentro do primeiro ano de vida (a partir dos 6 meses, ou até mesmo antes se houver algum problema visível)
Qual é o tratamento das altas ametropias?
Primeiramente é muito importante avaliar a visão (acuidade visual com os óculos). Se um dos olhos estiver com a visão mais baixa, ou seja, se houver ambliopia, o tratamento deve ser feito com a oclusão (tampão) do olho de melhor acuidade, associado ao uso constante dos óculos.
O uso dos óculos melhora muito a visão dos pacientes com altas ametropias. Melhora tanto, que as crianças geralmente não apresentam dificuldades para se adaptar. As lentes de contato também são uma opção, a partir do momento que a criança ou adolescente tiverem responsabilidade suficiente para cuidar das lentes de forma adequada. A cirurgia refrativa só deve ser indicada após estabilização do grau, que ocorre por volta dos 20 anos de idade.
E as lentes dos óculos são muito grossas?
Muita gente se pergunta se os óculos se parecem com “fundo de garrafa” quando o grau é alto. Atualmente, as lentes são confeccionadas com materiais muito modernos, fazendo com que fiquem bem mais “finas” e com estética aceitável, como nos casos das lentes de alto índice.
Em todos os casos de altas ametropias o acompanhamento oftalmológico é muito importante, pois elas podem prejudicar a visão se não tratadas de forma adequada.
Fonte da imagem: http://blog.lenscope.com.br
escrito por
Cuidado e paciência são apenas algumas das características da Dra. Bruna Ducca, que sempre gostou de crianças e tem amor pela oftalmologia. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em 2011. Em 2015 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de um fellowship nas áreas de Oftalmopediatria e Estrabismo no hospital infantil Childrens Medical Center, ligado à Universidade do Texas (UTSouthwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo.
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