29 de maio de 2018
O ceratocone é um distúrbio corneano progressivo, não inflamatório, que provoca afinamento e irregularidade da córnea (que vai assumindo a forma de um cone), resultando em comprometimento da visão.
O ceratocone ocorre em cerca de 1 em cada 2.000 pessoas na população em geral. Geralmente é bilateral (ocorre em ambos os olhos), mas os sintomas podem ser bem diferentes entre os dois olhos. Na maioria das vezes ocorre esporadicamente, mas pode ser herdada.
O ceratocone tipicamente tem seu início na puberdade e progride até a terceira ou quarta década de vida, quando geralmente se estabiliza. Em pacientes pediátricos, o ceratocone é frequentemente mais avançado no diagnóstico e sua progressão pode ser mais frequente e mais rápida, com um risco sete vezes maior de necessitar de transplante de córnea.
Os casos de início na infância têm uma progressão mais agressiva do que os de início tardio; portanto, a detecção de ceratocone progressivo nos estágios iniciais da doença é necessária para prevenir graves deficiências visuais. O ceratocone representa uma das causas mais comuns de transplante de córnea em crianças, correspondendo a cerca de 15 a 20% de todos os transplantes de córnea em crianças.
O diagnóstico de ceratocone em crianças geralmente é feito tardiamente, devido à escassez de queixas funcionais em crianças, especialmente antes dos 8 anos de idade.
O que causa o ceratocone?
A causa exata do ceratocone é desconhecida e é provavelmente multifatorial. Isso significa que há uma combinação de múltiplos fatores – ambientais, comportamentais e genéticos – que contribuem para o desenvolvimento e progressão da doença. Fatores ambientais podem incluir viver em áreas quentes e ensolaradas do mundo, enquanto a fricção ocular é um fator comportamental importante na doença. Enzimas mal funcionantes que normalmente ajudam a manter a saúde da córnea podem ter um papel importante. Todos esses fatores contribuem para o principal problema no ceratocone, que é a estrutura de colágeno defeituosa que resulta em desbaste e irregularidade da córnea.
Ceratocone ocorre mais frequentemente em pacientes com atopia (asma e eczema) ou alergias oculares graves, bem como pacientes com síndrome de Down, síndrome de Marfan e amaurose congênita de Leber.
Quais são os sintomas do ceratocone?
As alterações da córnea que ocorrem no ceratocone resultam em miopia (dificuldade de enxergar longe) e astigmatismo irregular (perda da curvatura normal do olho).
No início do ceratocone, os pacientes geralmente percebem o desfoque de sua visão, muitas vezes pior à noite. Eles também podem ter fotofobia (sensibilidade à luz). Os pacientes frequentemente se queixam de múltiplas “imagens fantasmas”, além de estrias e distorções em torno das luzes. A condição geralmente é indolor, embora a dor e a vermelhidão possam ocorrer se uma bolha corneana (hidropisia) se desenvolver. Cicatriz da córnea de hidropisia pode causar diminuição da visão.
Como o ceratocone é diagnosticado?
O ceratocone é diagnosticado por um exame ocular cuidadoso realizado por um oftalmologista. A topografia ou mapeamento da córnea ajuda a confirmar o diagnóstico.
Como o ceratocone é tratado?
Casos leves de ceratocone podem ser tratados com óculos ou lentes de contato gelatinosas, mas a maioria dos casos requer lentes de contato rígidas (duras) para proporcionar a melhor visão.
Quando lentes de contato duras não são suficientes, ou não são toleradas pelo paciente, outros procedimentos podem ser considerados. Os segmentos do anel intracorneano podem ser implantados cirurgicamente para reduzir a forma do cone da córnea.
A reticulação corneana (Crosslinking) é, na verdade, o tratamento padrão para pacientes afetados por ceratocone para fortalecer a estrutura da córnea. Esse tratamento faz com que novas ligações se formem entre as bandas de colágeno e resulta em aumento da força da córnea, melhorando a degeneração em forma de cone. Em crianças, assim como em adolescentes, é indicado assim que o diagnóstico foi feito mesmo sem progressão clínica documentada, pois os pacientes mais jovens geralmente apresentam uma rápida progressão do ceratocone.
A cirurgia refrativa a Laser não é recomendada para pacientes com ectasias corneanas, incluindo o ceratocone, porque esse tipo de operação pode acelerar o afinamento da córnea.
escrito por
A paixão da Dra. Ana Carolina Cassiano por crianças sempre existiu. Mas foi depois de se tornar mãe que essa vocação ficou ainda maior. Sabia que seguiria a carreira de médica desde os 14 anos. Cursou medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, formando-se em 2004. Optou por se especializar em oftalmologia por afinidade. Sentia que era isso que queria fazer para o resto da vida.
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