13 de julho de 2018

Como saber se o seu bebê enxerga bem?

Sabe por que você sempre deve se questionar se seu bebê está enxergando bem? Porque os bebês nunca se queixam de problemas visuais, pois, além da dificuldade de verbalizar, eles entendem como sendo normal o embaçamento da visão.

Como saber o quanto enxergam ou se têm algum grau, se os pequenos não sabem informar a visão?

Isso é possível, pois o exame oftalmológico de bebês e crianças pequenas é especial. Diferente dos adultos, nós não dependemos da resposta dos pequeninos; o exame acaba sendo objetivo e depende muito mais do examinador do que do próprio paciente.

Quais são os exames feitos nos bebês?

O primeiro ponto a se avaliar é a acuidade visual.  Observar se o bebê fixa e segue objetos e se chora ao ocluirmos um dos olhos nos dá informações valiosas sobre a visão. Existem também exames mais específicos, que quantificam a acuidade visual em pacientes não verbais, como os cartões de Teller e o exame do potencial visual evocado (PVE). Além disso, a presença de estrabismo, nistagmo, catarata e alterações da retina podem também nos trazer informações importantes sobre a acuidade visual.

A observação da criança e do seu comportamento contribui para sabermos se ela tem algum problema estético, ou mesmo de visão; podemos por exemplo, observar se a criança se locomove bem, sem trombar nos objetos.

Em seguida, avalia-se a presença ou não de estrabismo. Este exame, também conhecido como teste ortóptico, é feito com a cobertura dos olhos e avaliação com prismas ou com foco de luz sobre os prismas. É um exame que depende bastante da colaboração da criança, por isso pode ser feito de maneiras diferentes.

Outro exame que fazemos de rotina é a biomicroscopia. Nesse exame avaliamos os olhos das crianças de forma ampliada, com ajuda de um microscópio (lâmpada de fenda). Com ele é possível diagnosticar conjuntivites, alergias, alterações na córnea e no cristalino (lente natural do olho).

A segunda parte do exame inclui a dilatação das pupilas. As pupilas devem ser dilatadas com colírios específicos que “relaxam” a musculatura responsável por fazer o olho focar. Na criança esses músculos são muito ativos, e precisam estar completamente relaxados para que se possa obter medidas mais precisas do grau. Com a ajuda de um aparelho chamado retinoscópio, é possível detectar a presença de erros refrativos (“grau”). Além disso, com as pupilas dilatadas, o médico oftalmologista consegue fazer um exame mais detalhado do fundo do olho e, assim, diagnosticar doenças que podem afetar a visão.

E assim, todos esses exames nos trazem a informação sobre a visão dos bebês e os problemas que podem ocorrer nessa faixa etária. Podemos então discutir com os pais as opções de tratamento, que vão desde o acompanhamento anual à prescrição de óculos e tratamento das condições encontradas no exame.

A recomendação das principais sociedades internacionais de oftalmologia e oftalmopediatria, é levar seu filho para fazer o primeiro exame oftalmológico dentro do primeiro ano de vida (a partir dos 6 meses, ou até mesmo antes se houver algum problema visível).

 

escrito por

Dra. Bruna Lana Ducca

Cuidado e paciência são apenas algumas das características da Dra. Bruna Ducca, que sempre gostou de crianças e tem amor pela oftalmologia. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em 2011. Em 2015 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de um fellowship nas áreas de Oftalmopediatria e Estrabismo no hospital infantil Childrens Medical Center, ligado à Universidade do Texas (UTSouthwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo.

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