24 de abril de 2020

As infecções congênitas e os olhinhos dos bebês

Você sabia que infecções durante a gravidez podem acometer o bebê? E ainda trazer muitos problemas o desenvolvimento dos olhinhos das crianças. As infecções intrauterinas são uma importante causa de cegueira na infância. Saiba mais aqui!

 

Conhecidas como TORCH, as infecções congênitas intrauterinas podem ser transmitidas ao feto durante a gestação e acometer vários órgãos, inclusive os olhos. É por isso que é muito importante a realização das sorologias para todos esses agentes durante o exame pré-natal. Geralmente, quando a mãe já foi exposta a um desses microrganismos ou já teve a doença, desenvolve anticorpos que protegem a criança. Caso contrário ficam suscetíveis e devem realizar um controle rígido durante a gravidez.

Esses agentes causam poucos sintomas na mãe, comparado ao impacto no desenvolvimento do bebê. Eles são transmitidos através da placenta em qualquer momento da gestação, mas podem causar mais danos no durante o primeiro trimestre, quando os órgãos estão se desenvolvendo.

A nomenclatura “TORCH” nada mais é que a inicial de cada doença: toxoplasmose, rubéola, infecção por citomegalovírus, herpes simples e outras (sífilis, infecção por parvovírus e varicela). Recentemente tivemos uma epidemia de um novo agente, o vírus Zika, que leva a consequências muito graves, como a microcefalia e cegueira. Vamos falar um pouquinho de cada uma delas aqui:

– Toxoplasmose: é um parasita que pode ser transmitido aos humanos pelas fezes do gato, solo, água contaminada, carnes e alimentos crus (por isso as mamães que nunca tiveram contato devem evitar comer vegetais crus fora de casa). Os principais problemas causados ao bebê são alterações neurológicas, levando a um atraso mental, e alterações nos olhos. A mais comum, são as cicatrizes na retina que, dependendo da localização, podem causar cegueira.

– Rubéola: doença causada por um vírus, que pode ser prevenida com a vacinação. No bebê, causa surdez, alterações neurológicas, cardíacas e pulmonares. Quando acomete os olhos, é uma das causas de catarata congênita e também de cicatrizes nas retinas.

– Citomegalovirose: causada pelo citomegalovírus, pode causar restrição do crescimento do bebê, alterações hematológicas (no sangue), neurológicas, hepáticas (no fígado), surdez, etc. Nos olhos, causa uma lesão muito semelhante ã da toxoplasmose nas retinas.

– Herpes: também relacionada a um vírus, é transmitida ao bebê durante o nascimento. A doença pode acometer vários órgãos, como a pele, olhos e boca, além de poder causar problemas neurológicos e baixo peso. Nos olhos, se manifesta como conjuntivite, ceratite (lesão nas córneas) e cicatrizes na retina.

– Zika vírus: transmitido pela picada dos mosquitos Aedes aegypti (mesmo da dengue e chikungunya) e Aedes albopictus. Causa microcefalia e outros defeitos cerebrais graves no bebê. Muitos pacientes apresentam cicatrizes nas retinas, levando à baixa visão ou cegueira. Outras malformações realacionadas ao Zika vírus ainda seguem em estudo.

E qual a importância da prevenção?

A cegueira infantil faz uma importante contribuição para a cegueira geral no mundo.

Considerando anos de perda visual, o impacto por paciente é muito maior se a cegueira começar na infância. A prevalência de cegueira infantil é mais alta nos países em desenvolvimento.  A toxoplasmose e a rubéola congênitas são importante causa de cegueira infantil em todas as partes do mundo, e podem ser prevenidas durante o período pré-natal.

As mães que tiveram alguma dessas infecções durante a gravidez, devem levar seus bebês na consulta oftalmológica precocemente. Consulte o oftalmopediatra!

escrito por

Cuidado e paciência são apenas algumas das características da Dra. Bruna Ducca, que sempre gostou de crianças e tem amor pela oftalmologia. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em 2011. Em 2015 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de um fellowship nas áreas de Oftalmopediatria e Estrabismo no hospital infantil Childrens Medical Center, ligado à Universidade do Texas (UTSouthwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo.

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